Teixeira de Pascoaes – Poeta e prosador

Nascido a 2 de Novembro de 1877 na freguesia de São Gonçalo de Amarante, morreu a 14 de Dezembro de 1952 no Solar de Pascoaes, em Gatão, pertença de sua família, de onde retirou o seu nome literário pelo qual ficou conhecido. Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, de baptismo, é filho de Carlota Guedes Monteiro e de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, deputado às Cortes por Amarante e abastado agricultor. Era tido como um homem de cultura e inteligência notáveis bem como um brilhante conversador, pelo que exerceu uma profunda influência na orientação intelectual e espiritual do seu filho.

Pascoaes, “homem cabisbaixo, sisudo, com uns olhos tristes e espantados”, nas suas próprias palavras, fez o curso oficial no Liceu Nacional de Amarante, onde ensaiou os seus primeiros versos que viu publicados no “Flor do Tâmega” e de onde partiu, em 1896 com 18 anos, para Coimbra, para se matricular no curso de Direito que concluiu em 1901 com o grau de bacharel. Antes de partir, com 17 anos, publicou, no Porto, “Embriões” – 1895.

Em 1896, já a estudar em Coimbra, edita “Bello” – 1ª parte, em 1897 a 2ª parte, “Sempre” em 1898 e “Terra Proibida” em 1899, estes dois últimos indicando, para Jacinto do Prado Coelho, “o sonambulismo, o poder de colocar-se no centro subjetivo da vida e de não sair dele, o alheamento dos outros homens, a imaginação do abstracto, o sentimento religioso das coisas, que tornariam inconfundível a sua poesia.”

A vida na cidade dos estudantes, e apesar da convivência com homens como Augusto Gil, Afonso Lopes Vieira, Fausto Guedes Teixeira e João Lúcio, não teve, para Pascoaes, o carácter boémio de que é usual revestir-se, confinando-se às quatro paredes do seu quarto, aos seus livros, papéis e pensamentos, um homem, que, segundo Jacinto do Prado Coelho, “não fora feito para este mundo….O seu coração apenas devia palpitar pela virgem que nunca existiu e de que tem saudades, vaga aspiração de azul e de inocência. O verdadeiro amor de Pascoaes dirigia-se à natureza, ao silêncio, ao mistério, aos fantasmas. O mundo fantástico era o seu mundo.”

Em 190, e de regresso a Amarante, começa a exercer advocacia, abrindo, em 1906, um escritório na Cidade do Porto onde conhece Leonardo Coimbra, Raul Brandão, Jaime Cortesão e António Patrício. Em 1911 é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce até 1913 altura em que abandona a sua carreira judicial e se refugia na Casa de Pascoaes, buscando uma vida solitária e sem sobressaltos em sintonia com a Natureza, escolhendo ” ser só poeta”.

Com o 5 de Outubro de 1910 e a proclamação da República surge, no meio intelectual, a ideia de criar um novo Portugal, ou melhor, ressuscitar a Pátria Portuguesa, arrancando-a do túmulo onde a sepultaram séculos de obscuridade física e moral em que os corpos definharam e as almas amorteceram.

Assim sendo, Pascoaes reuniu, em torno da Revista “A Águia,” a qual dirigiu entre 1912 e 1916, um grupo de intelectuais portuenses, intitulado Renascença Portuguesa, de que vieram a distinguir-se António Carneiro, Augusto Casimiro, Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Leonardo Coimbra, António Correia da Silva e Mário Beirão e que tinham em “A Águia” o órgão por excelência divulgador dos seus ideais saudosistas. Saudosismo esse que havia sido agravado pelo Ultimato inglês de 11 de Janeiro de 1890.

Herdeiro da Geração de 70, Pascoaes procurou dar à ideia do progresso geral da humanidade e da natureza, marcha natural da humanidade através da História, subjacente nos “vencidos da vida”, uma diretriz espiritualista, elevando o culto da saudade e da essência espiritual, já arreigado na literatura lusitana, à dimensão de “expressão superior da alma portuguesa.”

Em 1923 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e em 1951 a Academia de Coimbra presta-lhe homenagem. Quando morreu deixou publicada uma vasta obra, que em muito enriqueceu a literatura Contemporânea Portuguesa, bem como uma série de inéditos, mais tarde divulgados.

Alguma Biografia:

·Embryões, Porto, 1895; Profecia por dois poetas (em colaboração com Afonso Lopes Vieira), 1901; Para a Luz, Porto,1904; Vida Etherea, Coimbra, 1906; As sombras, Lisboa, 1907;  Marânus, Porto,1911; O Génio Português na sua expressão filosófica, poética e religiosa, Renascença Portuguesa, 1913; Arte de ser Português, Porto, 1915; Os Poetas Lusíadas, Porto, 1919; A Caridade, Amarante, 1922; Elegia do Amor, Lisboa, 1924; São Jerónimo e a Trovoada, Porto, 1936; Duplo Passeio, Porto, 1942; Últimos Versos, Lisboa, 1953.

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